A partir dos anos 1980, a história indígena vem se solidificando, sendo escolhida como tema de monografias, dissertações e teses dos programas de pós-graduação em História e Antropologia em todo continente americano a partir, especialmente, das reivindicações dos movimentos indígenas para que suas histórias e memórias fossem revisitadas destacando os protagonismos dos diferentes grupos originários na escrita da história. Produções que tem privilegiado o caminho interdisciplinar, especialmente com a Antropologia, Linguística, Literatura, e Ciências da Educação, Ciências Jurídicas entre outras. O mais importante é que uma das preocupações dos campos da história e antropologia recentes sobre a história dos povos indígenas é decolonizar as escritas historiográficas e não mais construir uma imagem do “índio genérico”, ou apenas de vítima dos primeiros contatos com os não-indígenas na América Portuguesa, mostrando-os “dizimados” e “assimilados”, ou seja, como se estivessem em contínuo processo de desaparecimento, assim como nos dias atuais compreendermos que os homens e mulheres indígenas tem vozes e escrevem suas próprias histórias. Não é possível mais aceitar tais discursos de desaparecimento ou tutela intelectual dos indivíduos indígenas, pois sabe-se que cada grupo indígena tinha e tem um caráter étnico de posicionamento frente aos não-indígenas nas diferentes temporalidades e constroem seus próprios agenciamentos diante das políticas etnocidas dos estados nacionais nos diferentes países em toda a América. E, mesmo que negados no plano discursivo e na grande mídia atual diante das suas reivindicações e diferentes demandas, os grupos indígenas em todo continente americano, continuavam e continuam existindo e estão cada vez mais organizados politicamente reafirmando as suas etnicidades e seus agenciamentos nos processos de contatos interétnicos e nos posicionamentos diante das legislações indigenistas ao longo da história. Não obstante este grupo de investigação Seminário Permanente Mundos Indígenas, América, vinculado ao Centro de Humanidades – CHAM da Universidade Nova de Lisboa, Portugal em colaboração com o Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba, Brasil e parceria com o Programa de Doutorado em História e Estudos Humanitários: Europa. América, Arte e Línguas da Universidade Pablo Ovalide, Sevilha Espanha, Universidade da Sorbonne, Paris 3, Universidade de Antioquia, Colômbia e Associação de Historiadores Latino Americanos, sede Bolívia, propõe através de encontros internacionais como o já consagrado Congresso Internacional Mundos Indígenas, América (COIMI) ampliar as possibilidades de discussões e colaborações entre investigadores da temática em destaque para que se possa construir possibilidades de novos aspectos teórico-metodológicos para o desenvolvimento de diferentes temáticas de pesquisa de história indígena desde o século XVI aos dias atuais, reavaliando as escritas recentes de trabalhos acadêmicos e didáticos para a ressignificação e valorização da memória, história, educação e direitos dos povos em todos os países que compõe a América.